Skip to main content

22 Set. 21:30

Concerto pela Orquestra Gulbenkian

Às 21:30

Orquestra Gulbenkian

A Orquestra Gulbenkian foi fundada em 1962. Inicialmente constituída por doze músicos, conta hoje com um efetivo de sessenta e seis instrumentistas, número que pode ser aumentado de acordo com os programas executados. Esta constituição permite-lhe interpretar um amplo repertório, desde a música do Barroco à música contemporânea. Em cada temporada, a Orquestra Gulbenkian realiza no Grande Auditório uma série regular de concertos em colaboração com alguns dos mais reputados maestros e intérpretes. Ao longo de mais de cinquenta anos distinguiu-se também em muitas das principais salas de concertos do mundo e gravou vários discos que receberam importantes prémios internacionais. Susanna Mälkki é a Maestrina Convidada Principal e Joana Carneiro e Pedro Neves são Maestros Convidados. Claudio Scimone, titular entre 1979 e 1986, é Maestro Honorário, e Lawrence Foster, titular entre 2002 e 2013, foi nomeado Maestro Emérito.

 

Programa:
 

Ludwig van Beethoven

Coriolano, Abertura em Dó menor, op. 62

Wolfgang Amadeus Mozart

Sinfonia Concertante, para Violino, Viola e Orquestra, em Mi bemol maior, K. 364

Allegro maestoso
Andante
Presto

Ludwig van Beethoven

Sinfonia Nº 1, em Dó maior, op. 21

Adagio molto – Allegro com brio
Andante cantabile con moto
Menuetto: Allegro molto e vivace
Finale: Adagio – Allegro molto e vivace

BILHETES:

Bilhete Geral: 10€
Bilhete Estudante | Sénior: 7,50€

Entrada Livre  dos 7 aos 12 anos


Ludwig van Beethoven

Coriolano, Abertura em Dó menor, op. 62

Uma das tendências visivelmente românticas da produção beethoveniana no domínio da abertura sinfónica é a representação complexa de personagens ou de estados psicológicos através da música, num jogo de interações recíprocas que refletem bem a tendência coeva para o alargamento e diversificação dos modelos estéticos herdados do período clássico. Dois exemplos destacados são as Aberturas Coriolano, em Dó menor, op. 62 e Egmont, em Fá menor, op. 84, esta última composta sobre o drama homónimo de Goethe. Coriolano foi escrita com o fim de servir de introdução a uma peça teatral do jurista e poeta Heinrich-Joseph von Collin, secretário do Imperador da Áustria. Tal fonte de inspiração épica influenciou o compositor de modo marcante, não apenas na Abertura Coriolano, mas também na contemporânea Sinfonia n.º 5 e na sua única ópera, Fidelio.

Na Abertura op. 62, Coriolano, estreada em Viena no mês de março de 1807, o Herói é o general romano Coriolano, que se tornou inimigo da sua pátria ao planear uma intervenção militar contra o senado. A obstinação do general em prosseguir com o seu objetivo leva-o à morte por traição, não sem antes ceder aos conselhos da sua mãe e da sua esposa. Na sua essência, a obra constitui como que um breve exercício sinfónico construído sobre um “programa” de contornos psicológicos, no qual a caracterização musical do personagem principal constitui o veio motor do discurso. Característica saliente é a dialética temática que coloca em confronto o caráter rude e orgulhoso do general – ilustrado, logo no início da obra, pelo primeiro tema – e a delicadeza e sagacidade femininas.

Notas de Rui Cabral Lopes


Wolfgang Amadeus Mozart

Sinfonia Concertante para Violino, Viola e Orquestra, em Mi bemol maior, K. 364

Concluída entre 1779 e 1780, a Sinfonia Concertante para Violino, Viola e Orquestra, K. 364, anuncia, em vários planos, muitas das transformações que viriam a caracterizar a escrita de maturidade do compositor: a projeção idiomática das partes solistas, o acentuar de interdependências entre os naipes e a riqueza dos jogos tímbricos confluem para uma mesma direção estética e estilística, a qual é também fruto das várias influências recolhidas em Mannheim e Paris, entre outras cidades europeias que Mozart visitou durante esta mesma década.

Composta na tonalidade de Mi bemol maior, muito apreciada por Mozart, o primeiro andamento da Sinfonia, Allegro maestoso, estrutura-se em torno de dois componentes temáticos principais: o primeiro de contorno marcial; o segundo mais sereno e expressivo. Segue-se uma secção de tutti orquestral que faz dilatar a harmonia em direção à tonalidade dominante, após o que intervêm as trompas, com o segundo tema, logo comentado pelos oboés sobre o acompanhamento das cordas, em pizzicato. Novo desenho temático com trilos proeminentes se esboça então nas cordas, em crescendo constante, como que a preparar o ouvinte para as passagens em uníssono, protagonizadas pelos instrumentos solistas. O andamento prossegue com diálogos muito eloquentes entre o violino e a viola, fazendo apelo a uma dimensão técnica e expressiva de considerável exigência. A cadência final, anotada na íntegra por Mozart, retoma os enunciados motívicos em eco, mas depressa funde a sonoridade dos solistas em expressivas cadeias de terceiras paralelas, antes dos compassos finais, em tutti orquestral. É um Mozart emotivo, confidente, aquele que se desprende do segundo andamento, Andante, ciente de um rumo promissor de experiências interiores que encerra, em si, a prefiguração do futuro movimento romântico. O tema inicial, signo deste universo, é anunciado pelos violinos em uníssono sobre as figurações de acompanhamento das violas, resplandecendo depois no violino solista e na viola, instrumento que introduz variações na linha melódica. Apesar de trazer à textura novos componentes temáticos, o compositor inflete persistentemente no material melódico de partida, ao mesmo tempo que acentua um pathos triste e angustiado, à medida que conduz o andamento para o seu epílogo. Logo se desvanecem os acentos mais sombrios do Andante com as evocações de dança do andamento final, Presto, repartidas, em partes iguais, entre os solistas. As irregularidades rítmicas do principal componente temático do andamento contribuem para impelir o discurso musical, por vezes pontuado por harmonias inesperadas. De novo, trompas e oboés descrevem passagens melódicas de grande beleza, ajudando a fazer pontes entre as secções solistas, mas é o tutti orquestral que encerra o andamento, com energia contagiante.

Notas de Rui Cabral Lopes


Ludwig van Beethoven

Sinfonia n.º 1, em Dó maior, op. 21

Paradigma da herança cultural europeia, o corpus de sinfonias de Beethoven reveste-se de um significado axiomático para a plena compreensão das transformações musicais que ocorreram durante o Classicismo e primeiras décadas do Romantismo, ajudando também a perspetivar variadas linhas de fundo que se vieram a concretizar ulteriormente, tanto no plano concreto da criação musical sinfónica, como no plano das ideias e mentalidades próprias de uma era marcada pelo conflito, pelo racionalismo e pela inovação técnica e industrial.

Quando Beethoven concluiu a sua primeira sinfonia, em Abril de 1800, a história do género conhecia ainda um percurso relativamente breve, indissociavelmente ligado aos vultos de Giovanni Battista Sammartini, Johann Stamitz, Mattias Georg Moon, Johann Baptist Vanhal, Joseph Haydn e Wolfgang Amadeus Mozart, entre muitos outros compositores. Torna-se pois compreensível que as linhas formais e estilísticas emergentes nesta obra pioneira tenham a ver essencialmente com a herança deixada pelos seus mais diretos predecessores na denominada Escola de Viena e reflitam, por consequência, os mesmos ideais de proporção e uma similar orientação temática e harmónica.

A estreia da Sinfonia n.º 1, op. 21, teve lugar no Teatro Imperial de Viena, a 2 de Abril de 1800, sob a direção do compositor. A sua receção traduziu-se por um misto de admiração e desagrado, ante uma linguagem orquestral que, em alguns momentos, desafiava abertamente os gostos instituídos. O crítico do Allgemeine Musikalische Zeitung começa por considerar a obra possuidora de “arte considerável, inovação e riqueza de ideias musicais”, mas logo em seguida, aponta o “excesso de sopros” que, no seu entender, dava mais a impressão de se tratar de “música militar” do que de “música para orquestra propriamente dita”. Para o concerto, o compositor contratou os cerca de quarenta elementos da orquestra do Teatro de Ópera italiana de Viena, um agrupamento que, apesar da sua experiência, padecia de imagem conflituosa, devido às permanentes disputas internas sobre quem deveria assumir a direção dos naipes. A avaliar pelas palavras do mesmo crítico, os problemas de coordenação e disciplina assomaram publicamente, pois “perante tal comportamento, de que serve toda a inegável proficiência dos membros deste grupo? Sob tais circunstâncias como pode produzir efeito mesmo a mais excelente das composições?”.

Apesar da estreia pouco auspiciosa, a Sinfonia n.º 1 impôs-se rapidamente no repertório, logo após a sua publicação no ano seguinte. A dedicatória foi dirigida ao Barão Gottfried van Swieten, diretor da Biblioteca Imperial e personalidade destacada da vida musical vienense.

Notas de Rui Cabral Lopes


Pedro Neves
Maestro

Pedro Neves é Maestro Convidado da Orquestra Gulbenkian e Maestro Titular da Orquestra Clássica de Espinho. É professor na Academia Nacional Superior de Orquestra e doutorando na Universidade de Évora, tendo como objeto de estudo as seis Sinfonias de Joly Braga Santos.

Pedro Neves nasceu em Águeda e iniciou o seu percurso musical no Conservatório de Aveiro, onde estudou violoncelo com Isabel Boiça. Foi também aluno de Paulo Gaio Lima na Academia Nacional Superior de Orquestra e, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, estudou com Marçal Cervera na Escola de Música Juan Pedro Carrero, em Barcelona. Foi premiado no concurso da Juventude Musical Portuguesa e no Prémio Jovens Músicos – RTP Antena 2. Interessou-se pela direção de orquestra desde muito cedo. Estudou com Jean Marc Burfin na Academia Nacional Superior de Orquestra, onde se licenciou. Em seguida, aprofundou os seus conhecimentos de direção com Emílio Pomàrico, em Milão. Em 2006 e 2008, foi maestro assistente do maestro Michael Zilm. Foi maestro titular da Orquestra do Algarve (2011-2013) e é um convidado regular das principais orquestras portuguesas. Dirigiu também a Orquestra da Cidade de Joensuu (Finlândia) e a Orquestra Sinfónica de Porto Alegre (Brasil). Em 2012 colaborou pela primeira vez com a Companhia Nacional de Bailado, tendo dirigido A Bela Adormecida de Tchaikovsky. No domínio da música contemporânea, colabora com o Sond’arte Electric Ensemble, tendo dirigido estreias de obras de compositores portugueses e estrangeiros. Com o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa e com o Remix Ensemble – Casa da Música, realizou digressões na Coreia do Sul e no Japão. É fundador da Camerata Alma Mater, que se dedica à interpretação do repertório para orquestra de cordas. A sua personalidade artística é marcada pela coerência e pela seriedade da interpretação musical.

Setembro 2016


Lourenço Sampaio
Viola

Lourenço Sampaio formou-se com nota máxima no Conservatório de Música do Porto, na classe de Jean-Loup Lecomte. Jovem Músico do Ano 2015, Vencedor do Prémio Jovens Músicos 2015 RTP Antena 2 – Nível Superior, licenciou-se com nota máxima pela ESMAE na classe de Ryszard Woycicki. Estudou com Ana Bela Chaves, Valentin Stefanov e Igor Sulyga, violeta principal dos Virtuosos de Moscovo, membro do Quarteto de Cordas de Moscovo e violetista do Quarteto de Cordas Kopelman. Desde 2010, obtém assíduo apoio e ensinamento de Gérard Caussé. Em 2014 concluiu um mestrado na Royal Academy of Music, em Londres, como bolseiro de mérito do Leverhulme Trust, Santander Universities UK e Fundação Calouste Gulbenkian. Participou nas master-classes de Nobuko Imai, Maxim Vengerov, Rivka Golani, Yuri Bashmet, Diemut Poppen, Avri Levitan, Tatjana Masurenko e Luís Muñiz. Obteve recentemente o Artist Diploma, sob a orientação de Paul Silverthorne, chefe de naipe da Orquestra Sinfónica de Londres.

Lourenço Sampaio venceu o Concurso de Instrumentos de Arco do Alto Minho em 2008 e, aos 15 anos, foi laureado no Concurso Internacional Júlio Cardona. Ganhou o Prémio Helena Sá e Costa em 2013, tendo tocado a solo com a Orquestra Sinfónica da ESMAE em 2014. Foi por duas vezes solista da Orquestra do Conservatório de Música do Porto. Integrou a International Mahler Orchestra e colaborou com a Orquestra Sinfónica de Londres, a Orquestra de Paris, a Staatskapelle Dresden, a Welsh National Opera, a Royal Philharmonic, a Oviedo Filarmonia, a Orquestra Gulbenkian e a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música. Em 2014-2015 foi membro da Gustav Mahler Jugendorchester. Apresentou-se na Philharmonie de Berlim, no Kurhaus de Wiesbaden, na Philharmonie de Colónia, no Centraltheater de Leipzig, no Liederhalle de Estugarda, na Sala Pleyel, na Nova Filarmonia do Luxemburgo, no Auditório Nacional de Espanha (Madrid), no Auditório Príncipe Felipe (Oviedo), na Sala São Paulo (Brasil), na Casa da Música e no Grande Auditório Gulbenkian, entre outros palcos.

Junho 2017


Francisco Lima Santos
Violino

Natural de Lisboa, Francisco Lima Santos iniciou a sua formação musical aos nove anos de idade na Fundação Musical dos Amigos das Crianças, onde foi aluno de Ana Sanmarful. Licenciou-se em violino pela Escola Superior de Música de Lisboa, na classe de Khachatour Amirkhanian. Prosseguiu os seus estudos com Yuzuko Horigome no Conservatório Real de Bruxelas, tendo concluído um mestrado em 2014. Na Bélgica, trabalhou também com Dirk Vermeulen e Erik Robberecht e colaborou com a Orquestra Nacional da Bélgica, o Oxalys Ensemble e a Orchestre de La Monnaie. Foi premiado no Concurso de Cordas da FMAC (2007), no Concurso Internacional Cidade do Fundão (2009), no Concurso José Augusto Alegria para Jovens Intérpretes (Évora, 2009) e no concurso Prémio Jovens Músicos – RTP Antena 2 (2014). Em 2016 venceu o Concurso de Cordas Vasco Barbosa, tendo então tocado a solo com a Orquestra Sinfónica Portuguesa. Ainda nesse ano, recebeu um primeiro prémio no concurso Prémio Jovens Músicos – RTP Antena 2, com o Artium Trio.

Foi membro e concertino da Orquestra Sinfónica Juvenil, com a qual teve oportunidade de se apresentar a solo. Membro da Orquestra de Jovens da União Europeia de 2012 a 2016, teve oportunidade de se apresentar em salas como o Konzerthaus de Berlim, ou o Concertgebouw de Amesterdão, entre muitas outras. Membro da Orquestra XXI, apresenta-se regularmente no Centro Cultural de Belém, na Fundação Calouste Gulbenkian e na Casa da Música.

Terminou os seus estudos na Escuela Superior de Música Reina Sofia, na classe de Ana Chumachenko.

Junho 2017