
Esta foi a segunda vez que os portugueses Micro Audio Waves estiveram no CCC, mas desta vez integrados na digressão de Zoetrope, com concepção cénica de Rui Horta.
O coreógrafo é responsável pelo envolvimento visual, o desenho de luz e a componente multimédia.
Não há um único momento no espectáculo em que os ecrãs estejam vazios, uma vez que estes são sempre preenchidos por clips e animações multimédia.
Os artistas lançaram-se assim na aventura de criar um espectáculo conjunto sob a forma de concerto encenado, híbrido entre música, movimento e espectáculo multimédia.
Entre o som electrónico do grupo, a voz doce da vocalista e as imagens que invadem o espaço, o espectáculo surpreende até ao final.
O ponto de partida é o zootrópio, um objecto criado no século XIX para recriar movimento em imagens estáticas.
Frame a frame, cada vez mais rápido até passarmos da fotografia ao vídeo, o zootrópio foi uma das primeiras máquinas de animar imagens, uma forma primitiva de cinema.
Todo o espectáculo se desenrola em volta desta ideia, com momentos fortes onde a vocalista Cláudia Efe se transforma também numa perfomer e não apenas cantora. O mote é um pequeno cavalo de brincar que Rui Horta descobriu há uns anos e que acaba por se tornar a personagem principal.
Depois há toda uma série de efeitos especiais. Recorrendo uma pequena câmara, Cláudia Efe recolheu imagens suas, dos restantes elementos da banda e até do público. Essas imagens passaram nos grandes ecrãs montados no palco, tudo sempre em directo.
São várias as sensações que provocam no público. Até o incómodo, quando fortes luzes invadem a plateia. Sempre a atmosfera sonora dos Micro Audio Waves, que junta a electrónica e o pop, tocado com a mestria de nomes como C. Morg, Flak e Francisco Rebelo.
Para os Micro Audio Waves o CCC revelou-se um dos melhores espaços por onde já passaram nesta digressão para apresentar Zoetrope. “Acima de tudo é um espaço fantástico, com óptimas condições. Para o Zoetrope as dimensões deste palco são muito boas”, disse C. Morg.
O músico deixou o desejo de que haja um bom investimento na programação. “Às vezes investe-se nas infra-estruturas e depois já não há dinheiro para a programação”.
Os músicos estão desde Janeiro a apresentar este espectáculo e estão a adorar a experiência. “Estes espectáculos são completamente diferentes dos que fazíamos antes. A estrutura é muito mais rígida, porque temos que seguir um guião”, revelou Flak. No entanto, o ambiente visual que se cria é muito mais forte. No futuro ponderam juntar o lado mais encenado ao espectáculo mais improvisado que antes realizavam.
Esta foi mais uma aposta ganha do CCC na sua programação eclética, onde se juntam diversas ofertas culturais que podem agradar a diferentes públicos e ultrapassando mesmo assim os constrangimentos financeiros.
Depois de uma primeira apresentação no pequeno auditório, os Micro Audio Waves desta vez quase encheram o grande auditório, o que agradou muito aos músicos. “Estamos sempre a subir, se calhar para a próxima tocamos no telhado”, brincou C. Morg.