«A Pequena Fábrica de Pinguins»
16.10.2009
Estamos na Turakia, um país distante e mágico, impossível de identificar nos mapas.
Dois seres muito velhos, meio Homem, meio Anjo, trabalham no seu laboratório, na primeira incubadora do ovo do sentimento pinguim.
Para tratar destes ovos mágicos é preciso muito cuidado, dedicação e o trabalho de muitas mãos.
À medida que avançamos, novas personagens, pequenos operários desta fábrica vão surgindo, felizes e carrancudos, activos e misteriosos, descortinando o seu dia-a-dia, o seu ofício, os seus encontros e desencontros, as brigas, até que uma grande tempestade traz a bonança e é chegado o grande momento: o nascimento do pinguim.
Não é fácil definir uma época, mas cheira a algo antigo e as actividades realizadas parecem fazer parte de uma rotina científica [por isso chamam de documentário – vamos assistir, entrar na intimidade deste laboratório], repetida minuciosamente a cada dia, naturalmente com alguns percalços.
O trabalho das actrizes é feito literalmente a seis mãos, já que muitas vezes é mesmo assim que fazem viver as personagens [duas marionetas manipuladas ao mesmo tempo por três pessoas].
Há uma interacção constante, as actrizes não se escondem atrás das marionetas e objectos, pelo contrário, afirmam a sua presença física e dialogam entre si e com todos os elementos em cena – marionetas, objectos, cenário e música do espectáculo.
O maior triunfo do espectáculo é propor este outro mundo, um universo inventado, criador de uma poética e um tempo próprios e conseguir transportar o público até ele.