“A Resistível Ascensão de Arturo Ui” de Brecht
02.10.2009
Tendo como pano de fundo a cidade de Chicago e as guerras entre gangsters, o autor pretendia demonstrar ao mundo como se deu a ascensão de Hitler e do Nazismo, afirmando: "É preciso esmagar os grandes criminosos políticos: e esmagá-los através do ridículo. Pois não são sobretudo grandes criminosos políticos, mas sim autores de grandes crimes políticos, o que é bem diferente."
Numa sociedade do espectáculo baseada mais em mecanismos de manipulação das imagens do que no crescimento pessoal e na construção participada de uma comunidade possível, a retórica substituiu a ética, transformando as práticas sociais em batalhas onde em vez do mérito há lobbies e favorecimentos.
Brecht deixa-nos com este texto um valioso instrumento para pensar o mundo, através de uma paródia sobre vilões e homens bons, todos corruptíveis.
É isto que nos motiva.
É no tom caricatural, risível e por vezes ridículo com que o autor esboça estas personagens que encontramos uma forma de comunicar.
Bertolt Brecht (1898-1956) afirmou-se como autor dramático nos anos 20 e início dos anos 30 com peças como Na selva das cidades, A ópera dos três vinténs, Ascensão e queda da cidade de Mahagonny e A mãe.
Saiu da Alemanha em 1933, com a subida de Hitler ao poder e, depois de ter estado na Finlândia e na Dinamarca, chegou em 1941 aos Estados Unidos, onde permaneceria até 1947.
Foi neste período que escreveu as suas grandes obras da maturidade, como Galileu, Mãe Coragem, O círculo de giz caucasiano e O senhor Puntilla e o seu criado Matti.
Pouco depois do seu regresso à Europa, em 1947, fundou o Berliner Ensemble e desde essa altura até à sua morte dirigiu sobretudo as suas peças ou adaptações de clássicos.