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Actrizes apresentaram projecto arrojado no CCC

13.07.2008

domingo, 0:00

 

A partir do romance “Boa tarde às coisas aqui em baixo”, de António Lobo Antunes, as duas actrizes montaram uma peça de teatro, que pode ser vista também como uma perfomance artística, tais são as suas especificidades.
“Lá e Cá” sonda o enigma que um rosto encerra, o seu devir, as suas máscaras e foi montado a partir de uma candidatura ao projecto “Jovens Artistas Jovens” do Centro Cultural de Belém, do qual foram finalistas.
“A questão central do espectáculo é a identidade e como um rosto pode ser muitos rostos, mas também nenhum”, explicou Catarina Vieira.
Tomando o rosto como lugar onde mais difícil se torna agarrar a identidade, uma vez que não há nada mais instável do que um rosto, o espectáculo procura o enigmático movimento de devir de um rosto e, ao mesmo tempo, as maneiras que temos de o tornar máscara e máscaras.
Segundo Solange Freitas, havia uma grande vontade das duas actrizes em trabalharem juntas e a melhor forma foi a de elas próprias desenvolverem este projecto. “Este espectáculo define-nos enquanto grupo, que eu sinto que
O livro de Lobo Antunes, com cerca de 600 páginas, foi uma inspiração inicial, mas depois seguiram também outros caminhos na elaboração da peça e desenvolveram uma linguagem mais física. “É um trabalho contaminado com uma série de referências que cada uma de nós tem”, disse Solange Freitas.
A actriz salientou que um rosto pode originar muitos equívocos e as palavras podem acertar ou não com essa mensagem.
Este projecto é financiado pelo programa de Apoio a Novos Encenadores do Serviço de Belas-Artes da Fundação Calouste Gulbenkian.
Embora nas Caldas da Rainha não tenham tido muito público, Catarina Vieira e Solange Freitas têm tido boas recepções noutros locais do país. Mesmo o facto de virem para uma terra tão ligada às artes não as fez criar expectativas quanto ao número de pessoas a assistir.
De qualquer forma, acham muito bom que uma cidade como as Caldas da Rainha tenha um espaço de cultura tão bom como o CCC, que não fica a dever a nenhuma outra sala do país.