«Baile de Outono»
09.01.2009
O filme é uma a tentativa poética de extrapolar ou generalizar a nossa condição de existência; de encontrar a soma dos diferentes ângulos ou de algo maior do que a própria soma.
É Outono. Vemos um enorme bloco de torres de habitação tentaculares da era soviética – o bairro chamado Lasnamae. Ao anoitecer quando o céu escurece, as janelas são iluminadas pelo brilho azul das televisões. Mati, um jovem escritor, vive sozinho no apartamento depois da sua mulher o deixar pelo seu amigo. O barbeiro August Klask é um solteiro mais velho com uma vida monótona. Ele corta cabelo, varre o chão depois, começa-se a afeiçoar por uma miudinha quando volta para casa. A mãe da miúda, Laura, vê muita televisão e recusa todas as abordagens de homens.
O arquitecto Maurer está satisfeito com a sua vida em Lasnamae, vê o estilo de vida como uma coisa que inevitavelmente acompanha o progresso. A sua mulher ao invés aliena-se e encontra conforto em Theo, o segurança, um autodidacta de forte personalidade.
Momentos das vidas de seis pessoas que vivem numa gigantesca e crescente urbanização de blocos de torres da era soviética. Gentilmente estilizado e indiferente, o mundo de Baile de Outono avança firmemente na direcção do Inverno e não nos dará resposta alguma a estas questões. O que este mundo pode demonstrar é a possibilidade de riso ainda assim, num local onde a esperança há muito que se tornou num bem escasso.
Baile de Outono não é exactamente uma comédia mas não lhe fará mal nenhum se for vê-lo na mesma.
"Se tivesse que definir o filme, diria que Autumn Ball é uma comédia extremamente negra acerca da solidão, do desespero e da esperança", refere o realizador.