Brahms e Schumann numa comparação de linguagens e estilos no CCC
02.03.2009
Embora escritas para conjuntos instrumentos distintos, ambas provêm da mesma tradição musical germânica e respondem ao mesmo desafio de juntar o piano a instrumentos melódicos.
O trio em Lá menor, Op. 114, foi tocado pelo trio composto por Jorge Camacho (clarinete), Franz Ortner (violencelo) e Joana Gama (piano).
Estre trio foi composto por Brahms no final da sua carreira, quando o seu reconhecimento era unânime, e resultou numa obra muito difícil de interpretar. Não é impressionante pelos efeitos expressivos, mas sim pela sua solidez discursiva, onde tudo decorre com uma naturalidade irrepreensível.
Para a segunda peça, o director musical da OML, Augustin Dumay (violino), liderou o quinteto constituído ainda por Ana Pereira (violino), Irma Skenderi (viola), Franz Ortner (violencelo) e Paulo Pacheco (piano).
O quinteto de Schumann traduz a prática musical de uma geração anterior, tendo sido escrito meio século antes da peça de Brahms.
A peça corresponde melhor ao arquétipo do romantismo musical, a uma mais acentuada libertação de sentimentos pessoais e a um maior lirismo.
Tal como no trio de Brahms, assiste-se a um enorme equilíbrio entre o som do piano e o dos outros instrumentos, mas identifica-se uma linguagem pianística mais solta.
Assistiu-se assim nas Caldas da Rainha a uma comparação de linguagens e estilos, que acabam por se manifestar bastante distintos.
Os alunos do Conservatório das Caldas da Rainha têm assim a possibilidade de assistir com regularidade no CCC a propostas desta natureza que, seguramente, são um complemento à sua formação artística
Augustin Dumay está há um ano na direcção musical da OML e sublinha a importância destes concertos de música de câmara com os solistas da orquestra. “Desta maneira, os músicos de grandes orquestras têm a possibilidade de ouvir o som de cada um. Por isso é importante que façam estes concertos para o seu progresso individual e da própria orquestra”, explicou.
O músico salientou que os caldenses têm muita sorte em ter “este fantástico centro cultural”, com uma boa arquitectura e salas com excelente acústica. Na sua opinião, salas como estas não costumam existir em cidades da dimensão das Caldas e foi por isso uma boa surpresa.
Para Augustin Dumay tem sido importante também encontrar em Portugal um público de várias idades, com muitos jovens, e conhecedor de música.