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«Burgher King Lear» de passagem pelas Caldas em direcção a Espanha

07.07.2008

segunda-feira, 0:00

 

"Estreada em 2006, “a peça tem vindo a crescer e a melhorar, principalmente nesta ideia dos actores conseguirem extrair mais sentidos e mais profundidade”, considera o encenador, João Garcia Miguel. “Aqui foi uma das melhores representações que fizemos”, afirmou.

O facto de ter sido instalada uma bancada no próprio palco, aproximando ainda mais os espectadores, foi também do agrado do encenador. “Eu tento sempre envolver o mais possível o espectador nas peças. A relação do palco com a plateia interessa-me sempre mais”, disse, elogiando ainda as qualidade desse mesmo palco. “É tudo magnífico”, afirmou.

Baseada na obra “King Lear” de William Shakespeare, esta peça de teatro é uma versão compactada, género “fast food”, da história do famoso autor inglês.

João Garcia Miguel traduziu e esquartejou o texto criando uma versão bilingue para dois actores, um australiano e um português. “Eu queria trabalhar com o Anton Skrzypiciel e o Miguel Borges”, como um é australiano e outro português, o ideal foi usar as duas línguas. Ao longo do espectáculo, todo o texto em português é projectado num ecrã para que a assistência perceba o que é dito pelo actor australiano. No estrangeiro, as legendas são traduzidas para a língua local.

É feita uma mistura entre um português mais contemporâneo com o inglês arcaico do Shakespeare”, explicou o encenador. O nome “Burgher King Lear” tem uma dupla intenção irónica e crítica, porque o encenador manipulou e transformou o texto de Shakespeare como se fosse um hambúrguer.

O australiano Anton Skrzypiciel interpreta a personagem Lear e representa o texto original, em inglês. Miguel Borges interpreta dez personagens, incluindo as três filhas de Lear, numa tradução livre para português.

João Garcia Miguel trabalhou ao mínimo o que lhe pareceu substancial para esta peça: a história do pai e das suas três filhas.

Apesar de estar fragmentado, o encenador não acha que seja essencial a quem assiste que conheça a história original. “Esta versão mais contemporânea e envolve muito mais o espectador, porque tem alguns sentidos que extrapolam o texto original”.

Conhecedor de vários centros culturais, João Miguel Garcia disse ter ficado surpreendido por encontrar uma envolvência tão grande dos caldenses com o CCC. “Tem sempre muito movimento. As pessoas vêm aqui almoçar, jantar ou beber café. Andam sempre a pedir informações, fazem-se congressos e exposições. Os caldenses adoptaram este espaço de imediato. Normalmente estes espaços são muito mais herméticos”, concluiu."