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Companhia canadiana apresentou realidade das ovelhas e paródia militar

24.05.2008

sábado, 0:00

 

"“The Sheep” é uma instalação onde os actores assumem o seu papel como ovelhas, sem nenhum guião pré-escrito.

À porta do CCC, foi recriado o ambiente de uma quinta, onde as ovelhas se comportaram como animais, sem que os actores fizessem qualquer gracejo ou piscadela de olho ao público.

Segundo David Danzon, actor e coreografo da companhia, a ideia foi mesmo a de recriar meia-hora da vida daqueles animais. Para isso, durante um mês a companhia estudou o comportamento das ovelhas em várias quintas. “Vimos como elas caminham, como comem ou como se cheiram. Observámos cada pormenor e depois trabalhámos esses gestos no estúdio”, explicou.

A princípio pensaram em pôr as ovelhas a dançarem ou fazerem outras acções disparatadas, mas depois chegaram à conclusão que seria melhor imitarem apenas a realidade. “Achamos que isso é suficiente para ser engraçado e interessante de ver”, afirmou.

Para David Danzon, assistir à reacção do público, principalmente as crianças, torna-se muito interessante. Há pessoas que acham muito engraçado e riem-se, outras ficam a olhar espantadas à procura de uma mensagem na actuação e algumas crianças mais pequenas chegam a chorar porque se assustam. No final do espectáculo entra em cena um lobo e nessa altura, são ainda mais os choros.

Durante a performance, os espectadores são livres para interagir com as ovelhas, como se estivessem numa quinta. Isso acaba por ser um risco, porque também há reacções adversas. “É quase como a crueldade com os animais. Há pessoas que pontapeiam as ovelhas e até já atiraram pedras”, contou. Também por causa disso, as fêmeas ficam protegidas por uma sebe, onde o público fica em volta. O bode e o pastor é que andam mais à volta do cenário.

Aconteça o que acontecer, as ovelhas mantêm sempre o seu papel e só reagem como fariam os próprios animais.

No grande auditório a companhia Corpus apresentou a peça “Flock of Flyers”, uma paródia militar que conta a história de um esquadrão canadiano que devido aos cortes orçamentais deixou de ter aviões. Sob orientação do rígido sargento, o regimento mantém-se em treinos, só que em terra.

Trata-se de um espectáculo de meia-hora, mas muito intenso. Os actores quase que não param durante a peça, sempre com movimentos precisos, ironizando com a precisão e o absurdo do treino militar. É um jogo coreográfico entre a dança e o teatro, em que temáticas como a obediência cega são minuciosamente exploradas.

Esta performance foi vencedora da Medalha Dourada, nos IV Jogos de La Francophonie 2001, em Hull, Quebec (na categoria de teatro de rua).

A companhia Corpus partiu agora para Inglaterra, passando depois por França e volta para Portugal, estando prevista uma actuação no Porto. David Danzon disse ter gostado muito das condições do CCC e espera que a companhia seja convidada outra vez para vir às Caldas da Rainha."