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Expressões da Cerâmica Contemporânea Francesa

25.07.2009

sábado, 0:00

Estes constituem referências de excelência no panorama da cerâmica contemporânea francesa.
Cada um deles apresenta uma linguagem personalizada, num corpo autoral muito definido e autónomo.

O domínio perfeito das altas temperaturas e dos materiais cerâmicos e o compromisso com o rigor das suas criações, são denominadores comuns desta mostra onde se confrontam expressões artísticas e linguagens absolutamente distintas.

“Estes quatro artistas são ceramistas de talento, já bem conhecidos dos coleccionadores franceses”, salienta Eduardo Constantino. Para além da sua qualidade artística, os ceramistas foram também convidados a expor nas Caldas da Rainha pelo facto de representarem três vertentes da cerâmica contemporânea.

Tendo em conta que Caldas da Rainha é não só um centro de produção cerâmica, mas também uma cidade onde o ensino das artes, do design e da técnica tem uma grande importância, “é necessário que os jovens sejam confrontados com a diversidade da criação contemporânea internacional, assim como as técnicas utilizadas pelos ceramistas doutros países”.

Catherine e Bruce Gould tiram partido dos diferentes coeficientes de dilatação das matérias utilizadas numa mesma peça, criando rupturas e incompatibilidades que, sabiamente associados aos vidrados, Ihes permitem exprimir uma grande exigência estética. Da fenda, da ruptura ou do caos nasce a beleza, aquela que a natureza também sabe fazer surgir das grandes explosões geológicas.

Armel Hede representa essa corrente da cerâmica que trabalha na incansável procura da perfeição absoluta.

Os vidrados sumptuosos, necessitando de uma técnica tão sábia quan–to rigorosa, vão bem para além da simples tecnicidade. Em osmose total com a sua Bretanha natal e as suas paisagens, ora rudes, ora calmas, as suas peças, subtilmente vidradas, deixam transparecer, a cada instante, uma sensibilidade à flor da pele.

Michel Le Gentil, poeta da cerâmica, constrói e desconstrói um mundo tão real quanto imaginário, que vai do prato-planeta à unha do elefante, que nem as temperaturas de grande amplitude do seu atelier, aberto a todos os ventos, podem destruir.

Os objectos ganham vida e, é assim que nós podemos admirar um bacalhau, guiado pelo seu peixe piloto, partir para um universo sideral onde a matéria é pensamento, e o pensamento é matéria.

A vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira, recorda que “a condição das Caldas da Rainha como centro produtor de cerâmica vem de um processo longo de séculos, de múltiplas etapas, altos e baixos, de momentos verdadeiramente brilhantes, mas também de crises, de rupturas”.

O processo tecnológico, as alterações sociais e o desenvolvimento de novos movimentos culturais e artísticos, precipitaram aqui (como de resto em todo o lado) profundas alterações nas formas de produzir os objectos cerâmicos, fossem eles de carácter artístico ou utilitário.

Esses momentos de crise são, geralmente, indutores das transformações que abrem novos horizontes, gerando novas soluções criativas, outras linguagens, novos processos que permitam responder às exigências do seu tempo. “O período de crise que agora atravessamos deve pois ser entendido como uma oportunidade de renovação, apostando em novas soluções, gerando novas formas e processos, procurando outros estímulos”, defende a autarca.

A Festa da Cerâmica pretende olhar a cerâmica de uma forma positiva e esta exposição pretende contribuir para um diálogo proveitoso para todas as partes “trazendo à cidade a presença de uma cerâmica prestigiada, que constitui no passado uma das influências mais importantes e que constitui a base da cerâmica mais característica das Caldas da Rainha: a cerâmica estilo Palissy”.