Fotografias de Fernanda Carvalho
01.03.2009
“Uma visão de actriz fora de cena com adereços teatrais é um imenso risco, apenas podendo ser atenuado por um invulgar talento como modelo e por uma extraordinária beleza. Tudo isto reúne a Sílvia Santos”, conta a fotógrafa.
Texto da autora:
“Uma velha máquina de fole, já sem funcionar, foi na minha infância o brinquedo que me despertou para a observação.
Depois alargou-se o horizonte com a prenda dos avós, uma câmara Kodak Brownie 127, que ainda olho diariamente, repousando dos inúmeros cliques que com ela fiz, agora junta a outros companheiros de percurso; os livros.
Mais tarde, adolescência fora, descubro o prazer pelo desconhecido através das frequentes viagens a Espanha.
Da observação e da necessidade compulsiva pelo desconhecido, nasce o desejo de registar o instante que jamais se repete. Como memória plástica para lá da mente. Com a angústia de registar no instante do clique no obturador, a morte anunciada desse tempo.
Depois, acentua-se o apetite por fotografar, com as viagens solitárias, na área do documental.
É o período também da necessidade do conhecimento técnico, do arco.
Depois da escola vem o desejo pelo retrato. Não o retrato à procura da alma ou da personalidade do modelo, mas antes da encenação e da fantasia da personagem.
Por fim, o registo de que paredes meias com o quarto, tenho o local mais mágico da casa: O Laboratório.”