Mayra Andrade apresenta «Stória Stória»
12.06.2009
O novo disco, que vai ser lançado no dia 25, é para ser escutado como um livro de histórias em crioulo, português e francês, escritas num registo "mais rico e sofisticado".
"Stória Stória", explicou a cantora em entrevista à agência Lusa, é uma expressão cabo-verdiana utilizada para iniciar uma história, como se fosse um "Era uma vez..." e é por isso que o álbum deve ser entendido como um livro e cada música como um capítulo.
"Stória, Stória" surge três anos depois de "Navega", álbum que apresentou Mayra Andrade como uma jovem promessa cabo-verdiana que teve a capacidade de renovar a música do seu país, encontrando pontos de contacto com a Europa e a América Latina.
O álbum é luminoso e festivo - oiça-se a mazurka "Mon Carrousel" e o samba "Turbolensa" -, mas também intimista e denso, como "Morena, menina linda", por conta dos arranjos de Jacques Morelenbaum e de uma rouquidão inesperada de Mayra Andrade.
Além dos quatro temas próprios, como "Stória Stória" que abre o álbum, Mayra Andrade voltou a convidar músicos de Cabo Verde, como Mário Lúcio Souza, de quem canta "Palavra", e Kaka Barbosa, de quem fez uma versão do tema "Juana".
Canta em português do Brasil, em crioulo e em francês e em cada registo parece emergir uma Mayra Andrade diferente.
A cantora é hoje uma das figuras de proa da nova geração de cantores de Cabo Verde.
Mayra Andrade recebeu recentemente o Prémio BBC Radio 3 de World Music 2008, na categoria "Novos Talentos", distinção que já tinha marcado a carreira da cantora portuguesa Mariza.
Depois de ter vencido em Junho de 2001, com apenas 16 anos, a Medalha de Ouro nos Jogos da Francofonia no Canadá, Mayra Andrade nunca mais parou.
Tem partilhado palcos com grandes nomes da música mundial, como Cesária Évora, Mário Lúcio Sousa, Baú, Chico Buarque, Caetano Veloso, Ismael Lo, Ernesto Puentes ou, mais recentemente, Charles Aznavour, com quem gravou um duo para o último disco do interprete francês.
O seu primeiro disco editado em Julho do ano passado em Portugal, valeu-lhe elogiosas críticas e foi contemplado com o Prémio Cubadisco Internacional 2008 (os outros vencedores são Chico Buarque pelo álbum "Carioca" e Ojos de Brujo pelo álbum "Techari")
A artista preferiu à promoção desenfreada, apostar numa formação sólida e criativa, mostrando que mesmo tendo a fama a bater-lhe à porta todos os dias, prefere apenas piscar-lhe o olho e mostrar que tem os pés bem assentes no chão.
Militante da cultura cabo-verdiana, no palco Mayra impõe seu próprio estilo.
De voz grave, quente e aveludada, ela passa com uma facilidade surpreendente da morna ao funaná e da coladeira ao batuque associando-lhes um toque de jazz único.
A sua personalidade e talento trazem um verdadeiro novo sopro à música das ilhas de Cabo Verde, resultado dum cruzamento de ritmos da África e do Velho Continente.