Noite arrebatadora no CCC com Tango Quattro
26.10.2008
Treze anos antes, a 24 de Outubro de 1995, tinham actuado juntos pela primeira vez, em Madrid.
Acompanhados por dois bailarinos, os cinco músicos interpretaram temas de compositores que se mantiveram fiéis ao espírito do tango ao longo do tempo, de Astor Piazzolla a Horacio Salgáne, passando por vários estilos. O calor dos seus temas foi retribuído com uma plateia também calorosa. No final estavam muito satisfeitos por esta noite ter corrido tão bem.
O flautista, Ezequiel Cortabarría, fez questão de manifestar a sua satisfação no final do espectáculo, depois de terem vindo autografar alguns CDs no foyer do CCC. Há vários anos que vêm actuar em Portugal e são sempre bem recebidos. "Os portugueses gostam muito de tango e é sempre um grande êxito, mas aqui tivemos um dos melhores públicos de sempre", comentou o músico.
Sobre Caldas da Rainha, Ezequiel Cortabarría referiu terem ficado muito surpreendidos por virem encontrar um auditório com tanta qualidade e com tão boas condições acústicas.
Este grupo surgiu inicialmente como um projecto artístico, mas que depressa se transformou numa maneira de manter viva a própria cultura argentina e também de concretizar a necessidade de reafirmação da identidade. Começaram como um quarteto, com Ezequiel Cortabarría, Fabián Carbone, Mario Soriano e José Luis Ferreyra. De início Adrián Rodríguez, no violoncelo, era um artista convidado para alguns espectáculos, mas acabou por integrar o grupo. Mesmo assim optaram por manter o nome Tango Quattro.
A sonoridade desta formação é a do autêntico tango, que os músicos conhecem desde a infância e expressam com um vigor e uma personalidade inconfundíveis, nunca afastados das raízes, ainda que por vezes utilizando arranjos próprios. Sobre um dos temas que tocaram, "Oblivion", Ezequiel Cortabarría salientou que a sua sonoridade tinha muitas parecenças com o fado. Os músicos consideram mesmo que o fado e o tango "são primos", até pela forma como ambos os estilos de música falam da saudade. "É um certo gosto em estar triste", concluiu o flautista.