Peças de Fauré e Ravel n´«A Hora dos Franceses»
15.05.2010
Este programa começa e acaba com duas obras bem conhecidas da OML, que há longos anos fazem parte do seu repertório.
A suite de Fauré consiste na música da famosa peça teatral simbolista de Maeterlinck homónima, que trata o tema do amor proibido e do fatalismo predestinado.
Integra a Siciliana, essa peça que todos reconhecemos logo aos primeiros acordes.
Por sua vez, Le tombeau de Couperin, de Ravel, é um memorial de guerra muito especial. Não traduz a tristeza, revolta ou heroísmo. Evoca a nostalgia e a graciosidade de uma experiência pouco provável em situação de conflito. É um sorriso sagaz que não esconde uma irónica provocação.
Pelo meio, o renomado pianista Jean-Philippe Collard, sempre sob a direcção musical de Augustin Dumay, revela a faceta pianística daqueles dois compositores.
A Balada Op.19 traduz exemplarmente a essência intimista e lírica do estilo de Fauré.
Já o concerto para piano de Ravel remete-nos para uma ambiência oposta.
Vai ao encontro da sonoridade das orquestras de Jazz norte-americanas, em consonância com o entusiasmo que se fez sentir nos anos 20 na Europa pelo Novo Mundo. É uma obra de grande efeito, com um brilho contagiante.
A Gabriel Fauré reconhece-se sobretudo a sua singularidade na combinação de sons, com o desenvolvimento de sobreposições harmónicas complexas na partitura, mas simples ao ouvido.
Por sua vez, Maurice Ravel é muito mais do que o compositor do Bolero. O virtuosismo que se denota na forma como escreveu para orquestra é proporcional à sua capacidade para recriar imaginários sonoros de grande beleza e vivacidade. É, tão somente, o compositor francês mais tocado nas salas de concerto de todo o mundo."