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Público do CCC enamorou-se com Ala

20.10.2008

segunda-feira, 0:00

O grupo, criado em 1993, iniciou recentemente uma nova etapa, agora apenas com Manuel Paulo e Nuno Guerreiro da formação original. Sem João Gil e João Monge, a Ala dos Namorados mantém uma grande consistência em palco com Pablo Banazol nas guitarras e Massimo Cavalli no contrabaixo.

Com uma portugalidade bem patente no seu som, a banda funde uma atmosfera jazzística ou de câmara, com ambientes africanos ou de cabaret, criando uma sonoridade híbrida, pop, se lhe quisermos chamar, que é uma característica da banda, e que está agora mais amadurecida que nunca.

Entre as canções do último disco, "Mentiroso Normal", e os grandes êxitos do percurso da Ala ("Solta-se o Beijo" ou "Loucos de Lisboa", entre outros) com novos arranjos, o grupo criou um espectáculo com uma dinâmica que nos leva às várias paisagens musicais a que nos habituou.

Desta vez, contando com a excelente acústica do CCC, que os músicos não se cansaram de elogiar. "Foi fabuloso. Este auditório, para além de ter excelentes condições, tem muito boa energia. Fez-me lembrar muito o Centro Cultural de Belém, de onde tenho muito boas recordações", disse Nuno Guerreiro.

O pianista e compositor Manuel Paulo salientou que o vocalista é "uma força da Natureza" pela forma como canta de diferentes formas. "Tem uma voz única e há muitos Nuno Guerreiro. Ele tanto consegue ser um cantor de ´soul´ como lírico", comentou. Por isso, por exemplo, os fados cantados por Nuno Guerreiro são muito originais, onde nem sequer tocam com guitarra portuguesa. Isto apesar da Ala não ter pretensões de renovar este género musical. "Nós fazemos a nossa leitura e não queremos provar nada a ninguém no fado".

Nesta última tournée do grupo os músicos ficaram surpreendidos com a boa qualidade de algumas novas salas do país. "O ´habitat´ ideal da Ala é este tipo de auditórios, onde existem umas condições acústicas fantásticas. A nossa música não vive muito dos decibéis e do volume. Aqui conseguimos pôr cá fora os pormenores todos, tal qual estão no disco", disse o pianista. O que acaba por se tornar mais difícil "porque exige mais atenção. Se passar uma mosca ouve-se".

Manuel Paulo agradeceu também o "gentilíssimo convite do CCC" para tocarem nas Caldas da Rainha e ao público por os terem recebido tão bem.

"As pessoas estiveram sempre muito atentas. Eu gosto de ver as caras das pessoas e vi que estavam a gostar. Também gosto quando as pessoas sabem assumir o silêncio", comentou o pianista. "Quando foi preciso bater palmas bateram e quando foi preciso cantar, cantaram maravilhosamente e muito afinados. No ´Perdidamente´ foi incrível".

O músico confessou no final que se divertiram muito neste concerto. "Se nós não nos divertirmo-nos também não conseguimos fazer com que as pessoas fiquem contentes", concluiu Manuel Paulo.