Que cidade se quer em discussão no CCC
22.03.2009
No “À Conversa com Pedro Ribeiro”, a 18 de Março no CCC, o engenheiro convidado lamentou que se tenham perdido alguns ícones caldenses, alguns dos quais já não chegou a conhecer quando se mudou para Caldas da Rainha.
Casos como a avenida da Independência Nacional que era constituída por vivendas e que actualmente tem prédios com sete andares ou do Hotel Lisbonense, denotam a forma como uma cidade se pode descaracterizar perdendo a sua memória física.
Essa descaracterização ficou patente num pequeno filme da autoria de Pedro Bernardo apresentado no início desta sessão, no qual aparecem uma série de fotografias edifícios e ruas da cidade. “É um filme que perturba, porque andamos pelas ruas e por vezes nem nos apercebemos do caos que se vive”, referiu o engenheiro.
No entanto, Pedro Ribeiro quis fazer uma apresentação pela positiva, falando daquilo que se pode fazer no futuro. Até porque, salientou, é algo que não acontece só nas Caldas, mas em todo o mundo.
Enquanto “filho adoptivo” das Caldas da Rainha, o engenheiro tem-se entusiasmado cada vez mais com esta cidade, até pelo que tem descoberto através de conversas com outros caldenses. “É uma cidade que tem algo que é diferente”, considera.
A comunicação baseou-se numa apresentação fez em Alcobaça num encontro sobre património e a engenharia, mas que adaptou para o CCC e para as Caldas da Rainha.
Pedro Ribeiro pretendeu desmitificar a ideia de que os edifícios antigos são “um amontoado de pedras que se estão a desfazer”. Por isso, muitas vezes os seus proprietários esperam anos e anos que um prédio caia para poder construir algo de novo.
Mas na verdade, a recuperação pode ser um melhor negócio (utilizando os mesmos materiais, como a madeira, por exemplo) e dar azo ao orgulho de se poder ter uma casa centenária, beneficiando também o tecido urbano.
“Nem sempre é evidente a sua história e é importante que se explica a importância de cada objecto. Cada um deles pode-nos contar histórias, assim como os próprios edifícios”.
Até a um passado recente, só se valorizava a preservação dos monumentos enquanto património, mas já existe uma sensibilidade diferente para com outros edifícios, como os de habitação. “Mas o que interessa é preservar o que está. Não é deitar abaixo e reconstruir”, salientou.
Para exemplificar, apresentou uma série de exemplos de edifícios que estão a ser recuperados pela empresa onde trabalha, de João Appleton.
Esta foi a primeira comunicação co-organizada pela associação PH – Património Histórico e o CCC, no âmbito da iniciativa “À Conversa com…” que já tem trazido outros convidados.
O CCC, colaborando com as mais diversas entidades, tem sido, aliás, um centro de discussão à volta de muitas temáticas, com um ênfase especial para a discussão da própria cidade