Tiger Man à solta no CCC das Caldas da Rainha
09.03.2009
Em constante “provocação” ao público, Paulo Furtado (que é também líder dos Wraygunn) acabou por desafiar a todos a juntarem-se a ele no palco. Cerca de 100 pessoas responderam ao pedido, aquecendo ainda mais o ambiente nessa noite.
Já antes, o chão do grande auditório tremia, tal eram as batidas com os pés do público ao som de um original rock misturado com blues e alguns efeitos de música electrónica. The Legendary Tiger Man toca guitarra, harmónica e bateria.
Um concerto com muitas cordas partidas (ao longo do concerto o Tiger Man muda constantemente de guitarra) e cheio de energia. Houve muita improvisação, até porque actualmente Paulo Furtado está já a preparar um novo espectáculo por causa do novo disco.
“Eu gosto de experimentar quando tenho público, mesmo tendo em conta todos os riscos que corro assim”, referiu.
O novo disco de Legendary Tiger Man é um projecto arrojado e ambicioso. Intitulado “Femina”, o projecto é feito de duetos com nomes como Asia Argento, Peaches, Rita Red Shoes, Cláudia Efe, Maria de Medeiros, Dorit Chrysler e Lisa Kekaula. Com cada uma delas gravou uma música e uma curta-metragem.
“Estou a gravar há um ano e meio. Do ponto de vista logístico, é um álbum muito complexo”, explicou. Desde o início que sabia ser difícil gravar com nomes tão sonantes. “Foi preciso fazer muitas viagens e o problema maior acabou por ser o tempo. Eu achava que seria difícil conseguir falar com algumas delas, mas afinal isso foi a parte mais fácil. Por exemplo, a Asia Argento tinha os meus discos, o que é inacreditável”.
Já com 22 músicas gravadas, o disco deverá ter diferentes edições de país para país porque só poderá ter no máximo 14 faixas em cada. Em Portugal deverá ser lançado em Maio, embora Paulo Furtado ainda esteja à espera de gravar com Brigitte Fontaine e Marianne Faithfull, que já demonstraram o seu interesse mas que ainda não tiveram disponibilidade. “Se for possível que elas façam parte da primeira edição, óptimo, senão vou avançar de qualquer forma”, disse.
Esta foi a terceira vez que Paulo Furtado actua nas Caldas da Rainha. Desta vez ficou surpreendido por encontrar uma sala como o CCC. O músico acha importante que surjam infra-estruturas como esta por todo o país e que a qualidade das programações também acompanhe este fenómeno. “As próprias bandas também têm percebido o potencial destes auditórios para chegar a mais públicos”, considera.
Embora acha que falta no país outro género de salas para concertos onde as pessoas querem dançar, admite que em casas como o CCC consegue passar melhor o género de espectáculo que faz, com recurso a vídeos e curtas metragens.
“Foi muito bom que as pessoas tenham vindo para o palco. Eu gosto é que as pessoas se sintam à vontade. As pessoas quando saem à noite para ver um concerto é para se divertirem”, afirmou, sublinhando que também é preciso coragem para o público tomar essa atitude.
Do CCC os muitos jovens saíram também contentes com o que puderam assistir nesta casa de Cultura das Caldas da Rainha e do Oeste. Rita Vieira (17 anos), do Cintrão (Bombarral), foi uma das pessoas que subiu ao palco e no final conseguiu mesmo que Paulo Furtado lhe desse a folha com o alinhamento do espectáculo.
“Este não é o primeiro concerto que vejo do Legendary Tiger Man e este foi muito bom, ao seu nível”, considerou. Rita Vieira gosta habitualmente de assistir a concertos no CCC “que tem uma programação variada, para vários gostos, e consegui ver aqui bons espectáculos em que estava interessada”.
O caldense Miguel Cardoso, de 18 anos, também costuma assistir a eventos no CCC e gostou muito da actuação de Paulo Furtado. “A programação do CCC tem sido boa, com vários géneros, embora nem sempre o que eu gosto. Não acho que os bilhetes sejam muito caros, tendo em conta os espectáculos, e eu também tenho a vantagem de comprar mais baratos por ser estudante”, concluiu.