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Um duelo de palavras com “Na Solidão dos Campos de Algodão” visto no CCC

09.08.2009

domingo, 0:00

“Na Solidão dos Campos de Algodão” é uma peça do dramaturgo francês Bernard-Marie Koltès que nesta apresentação do Teatro dos Aloés tem tradução de Nuno Júdice, revista por Diogo Dória, e encenação de José Peixoto, com música de Filipe Melo (pianista residente do CCC).

Trata-se do encontro de um dealer e do seu cliente no meio das trevas de um lugar sem nome, longe dos homens. Um encontro quase sobrenatural onde os medos transbordam e onde os desejos se misturam.

José Peixoto e Jorge Silva, directores do Teatro dos Aloés, tinham há muito tempo a intenção de levar esta peça à cena, que consideram ser um texto importante.

O convite a João Lagarto para contracenar com Jorge Silva revelou-se uma boa aposta, estando os dois actores em excelente forma em palco. Embora tenham trabalhado muitas vezes em conjunto, foi a primeira vez que estiveram apenas os dois numa peça.

Depois de “Começar a Acabar”, apresentado também recentemente no CCC, João Lagarto volta a protagonizar um papel obscuro. “Por acaso está-me apetecer fazer um tipo de papel claro, porque tem sido uma sucessão de papéis obscuros”, revelou o actor.

Mas ambos os actores gostam muito deste texto de Bernard-Marie Koltès. “É um texto extraordinário que levanta muitos problemas e é um trabalho desafiante”, referiu João Lagarto.

O próprio Koltès disse que isto não é Teatro. É mais Literatura, porque tem uma carga lírica e metafórica muito forte”, acrescentou.

Em palco sucedem-se longos monólogos em que um houve o outro sem dizer nada, que se traduzem numa espécie de jogo. “É como se fosse um duelo”, explicou Jorge Silva.