«Vale» de Madalena Victorino com música de Carlos Bica
06.03.2010
"Vale" é um projecto de criação artística regional que parte do património dos lugares e das gentes do Vale do Tejo e se conjuga com os Teatros e as comunidades onde estes hoje se integram.
Este é um espectáculo coreográfico e musical que mobiliza 13 intérpretes vindos da dança, do teatro e da música, mas também participantes locais que, com a sua dinâmica laboratorial, cria espaços de encontro e trabalho regular entre artistas e as populações: população jovem, sénior, famílias e adultos.
Nas Caldas da Rainha Madalena Victorino teve que fazer algumas alterações ao espectáculo devido à grande adesão por parte dos caldenses para participarem. Habitualmente são escolhidos 30 participantes locais, mas nas duas apresentações no CCC das Caldas da Rainha vão participar cerca de 80 pessoas.
“Fiquei surpreendida com esta adesão, foi algo inédito”, comentou Madalena Victorino, explicando que vai agora reflectir sobre a melhor forma de incorporar mais pessoas da melhor forma.
“É um desafio, mas cada espectáculo é sempre diferente, de acordo com a realidade de cada local. Às vezes temos pessoas de 80 anos a participar, por exemplo. Nas Caldas da Rainha apareceram pessoas mais novas”, referiu.
O projecto surge de um convite que a Artemrede fez a Madalena Victorino para criar um projecto de Arte Comunitária para o Vale do Tejo.
Um projecto que constrói um “anel” de afinidades entre teatro e território e que através do seu modo de criação, leva sectores humanos habitualmente distanciados a aproximarem-se entre si e a aproximarem-se do Teatro.
"O Teatro como casa de celebração, casa aberta e viva, em que a actividade teatral diz respeito, faz sentido, entusiasma e interessa os seus habitantes", refere a criadora.
"Vale" apresenta-se sob a forma de 4 canções coreográficas que, cheias de episódios roubados com os olhos a Alcanena, Montijo, Santarém e Sobral de Monte Agraço, se compõem numa narrativa forte e fluida de movimentos musicais e movimentos ficcionados com os corpos e a sua voz.
"Nesta terra onde o rio é mar, aprendemos que a pele tem flor, que o gado tem vida de homem, que os lençóis são de água escura, que as pedras se rebentam para fazer nascer as oliveiras, que no tomilho poisam morcegos, que o vento lava, leva e traz", adianta Madalena Victorino.
A música deste espectáculo é de Carlos Bica, mas tocada ao vivo por músicos da região.
"Todos nós conhecemos o fandango ou já tivemos a oportunidade de ouvir um vira ribatejano, no entanto teria sido muito pouco interessante restringir o programa musical deste espectáculo ao uso único de folclore característico da região ou adaptações do mesmo", comenta Carlos Bica.
Apesar de inspirado nos costumes, tradições e paisagens da região o "Vale" é muito mais do isso, "ele fala de nós e quer ser um hino à Vida".