11.11.2012
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""O meu espectáculo “O Homem da Lua” nasceu numa altura em que eu me revoltei contra a televisão. Andava a lamentar o facto de o ritual de contar histórias às crianças, ao adormecer, por exemplo, se estar a perder. Estarem os adultos a ser substituídos por uma máquina. E o contacto humano com a criança por uns minutos de emissão fast-food, a horas programadas, para que já ninguém se cansasse e as crianças recebessem na mesma a sua pequena dose de narração. Alarguei então o conceito aos adultos. Declarando que todos andamos à procura de alguém que nos conte uma história, fui servir histórias à sobremesa, num restaurante, a quem as quisesse escutar. Mas os adultos andam esquecidos daquilo que é guardar a criança em nós.
Quando o espectáculo surgiu, levei-o a várias cidades. Lisboa, Coimbra, Porto. Precisei de várias Joaninhas. Fui sempre eu o Cristóvão. E muitas foram as crianças que me ensinaram a contar estas histórias. Algumas, estarão agora a contar talvez uma delas a um filho que tenham feito entretanto.
Não me cansei. Continuo a gostar de histórias. E de teatro. E enquanto não me contam uma a mim, quero contá-las outra vez. Para que a fantasia não morra. Com o teatro a ajudar.""
Manuel Cintra
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