Trypas Corassão
Composto por Tita Maravilha e Cigarra, duo brasileiro estabelecido em Lisboa, Trypas Corassão é um projecto estético, artístico e político, que se desdobra na criação híbrida entre música eletrónica e performance. Centra-se no corpo que carrega várias memórias e esquecimentos relacionados com a violência e que agora tem nas mãos o poder de mudança.
Portanto, desvendar as fronteiras, desfronteiras, re-fronteiras de género e de expressão, através de linguagens sonoras de diversas fronteiras do Brasil e do mundo, como do funk ao jungle, o fácil de ouvir da cultura pop, o tradicional popular, samples históricos, o over-dramático e o pós-romântico. Este duo brasileiro, formado por corpos urgentes de mulheres marginalizadas e da fúria trans, trazem-nos uma proposta híbrida e sensual, que se traduz num live act cheio de som e apelos cremosos.
Hetta
Conjurado no Montijo, Hetta é um quarteto constituído por Alex Domingos, João Pires, João Portalegre e Simão Simões. Tocam música rápida, caótica, navegando os universos do mathcore, do screamo e do noise, embrulhando-os num pós-hardcore que tanto pisca o olho aos idos anos 90 e 00, como procura dar a mão aos ventos do futuro.
No seu EP de estreia, Headlights, gravado por Leonardo Bindilatti e Miguel Abras e lançado em 2022, estão presentes os suspeitos do costume: gritos opressivos e saturados, bateria hiperactiva e guitarras incisivas. A parede sonora, tanto em Headlights como nas apresentações da banda ao vivo, é a breve explosão de energia em que a ânsia por fôlego é promessa cumprida, e em que a vontade é de cada vez fazer mais.
The Rite of Trio
Seis anos depois do internacionalmente aclamado GETTING ALL THE EVIL OF THE PISTON COLLAR!, os incontestáveis mestres do jambacore - André B. Silva, Pedro Melo Alves e Filipe Louro - voltam a atacar com um poderoso novo álbum, Free Development of Delirium, em que elevam ao máximo o seu conceito musical pós-pós-modernista, absurdo, irónico, cínico, in your face, e sim, piroclástico. A música é feita de escombros de vanguardas passadas, oriundas do jazz, da música clássica contemporânea, do metal, do punk e de outras referências da contracultura. O resultado é, tal como o título promete, um delírio de sons e de formas. Tudo isto tem um efeito provocatório em “You Won't Mind If We Laugh” e “Ego.Death”; gera confusão em “C2H3Cl3O2”, e faz-nos acreditar que ainda há espaço para algo diferente, descomprometido, dedicado e novo.
Os The Rite of Trio podem estar constantemente a iludir as nossas expectativas e sentidos, mas a música é muito séria e vai, com certeza, tocar-nos de formas agradáveis, embora um tanto estranhas e inesperadas. Preparados para este ataque sónico?